Tuesday, February 07, 2006


Bernardo Sassetti


Iniciou os seus estudos de piano clássico aos nove anos e agora, Bernardo Sassetti, é uma das figuras incontornáveis da música made in Portugal, mais concretamente do jazz. O pianista nascido em Lisboa em 1970 tem um currículo invejável, quer no que diz respeito a participações com grandes figuras nacionais e internacionais da música, quer na sua estreita relação com o cinema ou graças às inúmeras digressões realizadas um pouco por todo o mundo. Da sua extensa lista de marcos contam já discos como Nocturnos (em trio), Mário Laginha & Bernardo Sassetti (em duo) e Índigo (a solo). Ao aproximar-se o final de 2005, é apenas natural dizer-se que este foi mais um ano frutífero para Bernardo Sassetti: a juntar a Ascent (editado na Clean Feed), surge também a banda sonora do filme Alice, da sua autoria, dois dos muitos motivos de conversa desta entrevista que mistura propositadamente os sentimentos com a música, não fossem os discos de Bernardo Sassetti uma celebração da emoção.
Piano
Na música clássica, o piano é um instrumento quase omnipresente - para satisfação de uns e irritação de outros. E no jazz não é diferente. Isso dá-se mais ou menos pela mesma razão que na música clássica: o piano (como os instrumentos de teclado de modo geral) é o instrumento que possui a maior capacidade de tocar múltiplas linhas simultaneamente. Essa omnipresença do piano dá-se a despeito de o trompete e o saxofone estarem, no inconsciente colectivo, talvez mais fortemente associados ao jazz do que o piano. O piano sempre se beneficiou de um fluxo constante de novos talentos, em todos os períodos do jazz, desde o autoproclamado "inventor" do jazz, Jelly Roll Morton, até os vanguardistas radicais como Cecil Taylor e os versáteis, virtuosos e modernos como Chick Corea.
O uso do piano no jazz sofreu uma evolução ao longo dos anos: tornou-se eléctrico no hard bop e no jazz-rock, transformou-se em sintetizador no fusion, e mais recentemente em sequenciador digital. Na actualidade, volta a ser acústico, o que não impede necessariamente uma convivência pacífica com os seus parentes ligados à tomada. Uma vez que o piano esteve presente em todas, tentar contar a história do piano no jazz seria como tentar contar a história do próprio jazz.